Não sei o que escrever e não é de hoje. Existe uma falta de propósito me consumindo como a serpente que devora a si própria e, ao fim do processo, eu e o caos seremos um só. Será que já somos? Dizem que lá fora o caos também se estabeleceu, mas aqui tudo permanece igual, … Continue lendo Aqui
Crônicas
Ensimesmando
Há algo errado: Estou em paz. Como é possível? Em meio à guerra, À pandemia, Ao caos, Longe dos abraços, Dos amigos, Das ruas! Como é possível? Estou em paz! . Um convite A visitar minhas memórias . Estive sozinha Brincando Desenhando Estudando Ouvindo música Lendo Dançando Observando o mar Aprendendo Amando Chorando Escrevendo . … Continue lendo Ensimesmando
Enjanelados
Sou uma observadora das janelas da cidade. Observo o rosto de cada prédio, os olhos de cada apartamento, ora abertos, ora fechados. Observo as construções paradas, a geometria das casas e condomínios. Formas espalhadas aleatoriamente, reduzindo o tamanho do céu. Bem-te-vis e carcarás se revezam no parapeito das sacadas. As palavras dormem. Da minha janela … Continue lendo Enjanelados
Desvergonha
Atrasada, sempre atrasada. Cinco minutos depois do horário marcado, ela chegou no consultório. Duas pessoas na frente. Tempo para relaxar um pouco, melhor evitar o celular e dar uma olhada nas páginas das revistas. Esses dois não se separaram? Volta para a capa, revista do ano passado. Vai o Instagram mesmo. Confere se os dois … Continue lendo Desvergonha
Se essa vida fosse minha
É madrugada no Centro. Da varanda de uma casa de show, bebendo um gin London Dry, ouço gritos de uma mulher. Ela bate num rapaz caído no chão debaixo do toldo de uma loja. Vai ver a moça tem razão, deve ter aprontado, a traiu, está com jeito de embriagado. Vai ver tem algum distúrbio … Continue lendo Se essa vida fosse minha
Poema Brasil #1
As crianças que moram no morro conhecem barulho de bala, eu não. As crianças que vivem no morro são atingidas por balas perdidas, eu não. As crianças que brincam no morro morrem. Eu preciso entender mais rápido de que arma parte as balas perdidas que matam crianças que vivem no morro, elas não. Elas sabem, … Continue lendo Poema Brasil #1
LVIV
Acordei as sete da manhã e não parei de me espantar com essa cidade. Cada passo é único e custa séculos de resistência e lutas. As fachadas duras explodem em vida e pelo menos dois mundos convergem nelas. Pessoas parecem brotar do chão, são plantas de criatividade e fogo. Músicos de rua com seus violinos … Continue lendo LVIV
Purgatório
Um fantasma anda pela rua à noite. Não está escuro na metrópole que nunca dorme e, no entanto, ninguém enxerga aquele vulto ectoplásmico de andar apressado e rosto distante. Para onde vai, não se sabe. Almas penadas não têm destino certo. Um entregador passa em uma bicicleta alugada. Depois mais outro e, enfim, um motoboy. … Continue lendo Purgatório
O entrelaçar de mundos
Somos células: núcleo, citoplasma, membrana frágil, porém forte o suficiente para oferecer proteção. Indivíduos parte de um todo, chamado de tecido social. Este termo traz à tona a imagem do tecido muscular todo vermelho e sincronizado, que contrai e relaxa, aprendido nas aulas da quarta série. O conjunto de todos nós forma o que vemos … Continue lendo O entrelaçar de mundos
O encontro
17h14, estaciona o carro na primeira vaga, pensando o quanto aquilo parecia extravagante, lembra-se do dia em que filou aula e foi para um shopping, era a máxima aventura que se permitia, agora estava ali, se sentindo ridícula e bem mais velha, olha para os lados, esperando ser desmascarada por algum conhecido, ou parente, fato … Continue lendo O encontro