Ele tinha tanta saudades dela. A dor da ausência, o vazio intolerável. Tinha saudades de seu rosto, de seu olhar, da boca, dos braços, da pele, de seu corpo e de sua alma. Tudo fazia falta. Passaram-se mais de cem anos desde o último encontro. Como será ela agora? Loira ou morena? Olhos castanhos ou … Continue lendo Eterno amor
Janelas
Janelas altas Subir nos galhos, ficar entre as folhas, descalça sobre as texturas cascadas firmando o corpo com os dedos dos pés. Entrelaçar os braços no tronco sem soltar as frutas que vão nas mãos e na boca. Ah... Eu gosto daqui. E gosto mais por causa dela. Planejei articular um tipo de apanhador com … Continue lendo Janelas
Aqui
Não sei o que escrever e não é de hoje. Existe uma falta de propósito me consumindo como a serpente que devora a si própria e, ao fim do processo, eu e o caos seremos um só. Será que já somos? Dizem que lá fora o caos também se estabeleceu, mas aqui tudo permanece igual, … Continue lendo Aqui
Ensimesmando
Há algo errado: Estou em paz. Como é possível? Em meio à guerra, À pandemia, Ao caos, Longe dos abraços, Dos amigos, Das ruas! Como é possível? Estou em paz! . Um convite A visitar minhas memórias . Estive sozinha Brincando Desenhando Estudando Ouvindo música Lendo Dançando Observando o mar Aprendendo Amando Chorando Escrevendo . … Continue lendo Ensimesmando
Enjanelados
Sou uma observadora das janelas da cidade. Observo o rosto de cada prédio, os olhos de cada apartamento, ora abertos, ora fechados. Observo as construções paradas, a geometria das casas e condomínios. Formas espalhadas aleatoriamente, reduzindo o tamanho do céu. Bem-te-vis e carcarás se revezam no parapeito das sacadas. As palavras dormem. Da minha janela … Continue lendo Enjanelados
Redefinição
Da distância faço ponte Da janela, horizonte Do tempo faço um mapa Do corpo, uma estrada Do silêncio, melodia Da solidão, companhia Da dor faço a cura Da voz, poesia Do beijo, um sentimento Do abraço, um cumprimento Da casa, proteção Do medo, sensatez Respira Espera Aquieta Até que o mundo Abra as portas outra … Continue lendo Redefinição
Desvergonha
Atrasada, sempre atrasada. Cinco minutos depois do horário marcado, ela chegou no consultório. Duas pessoas na frente. Tempo para relaxar um pouco, melhor evitar o celular e dar uma olhada nas páginas das revistas. Esses dois não se separaram? Volta para a capa, revista do ano passado. Vai o Instagram mesmo. Confere se os dois … Continue lendo Desvergonha
Amor proclamado
Um raio folião explode em verde e vermelho e nas aguerridas curvas do seu peito se desfaz entre gritos, suor e beijos Enquanto bebe do meu seio te amarro entre as pernas te gravo em meus olhos te arranho com desejo No descanso te digo, como sou feliz contigo perdoa esse meu jeito … Continue lendo Amor proclamado
A faxineira
Silmara, por recomendação, contratou Sirlene para uma faxina. Esta chegou pontualmente às sete da manhã e pegou a patroa desprevenida; largou o guarda chuvas na porta, tirou os chinelos e foi trocar de roupas. Onde é o banheiro, Dona? Silmara apontou com o dedo, ainda estava tonta de sono e não gostava de receber ninguém … Continue lendo A faxineira
Vida de presente
O movimento no quarto era solene. Rostos conhecidos desfilavam diante da cama do Tio Severo. Um médico amigo da família o examinou. Observei quando balançou a cabeça e minha avó cobriu o rosto com as mãos. Tio Severo não se mexia há muitas horas. Já vi gente morta. Minha mãe me levava a enterros desde … Continue lendo Vida de presente